Meus amigos são uma fonte inesgotável de inspiração para meus artigos. Conversando, outro dia, com uma amiga de muitos anos, tive algumas reflexões interessantes.
Trabalhei com ela anos atrás e naquela época ela era meio pavio curto. Não levava desaforo pra casa. E não importava quem fosse e que cargo tivesse; se ela se sentisse agredida ou injustiçada, devolvia. Naturalmente, nem sempre a resposta saia da melhor maneira... Na verdade, na maioria das vezes, não.
Para tornar mais claro o tema que quero abordar, vou dar um exemplo dessa pessoa. Ela era analista de RH em uma grande empresa e tinha sob sua responsabilidade, um projeto interessante de plano de carreira para a equipe de uma área operacional. Ao apresentar seu projeto ao seu gestor, este fez várias considerações. Algumas pertinentes e outras não, segundo a avaliação dessa analista. Além disso, não considerou adequada a forma como este gestor se referiu a ela e ao projeto. Então, ela fechou a cara e retrucou, secamente, a dois ou três comentários de seu gestor. Embora minha amiga, desde essa época já fosse muito boa profissional, acabava perdendo o foco que era implantar o projeto e buscar os resultados e, passava a tomar atitudes com o objetivo de mostrar que estava certa. Não se conformava em apresentar um projeto tão bom e não vê-lo implantado e, não se conformava em não ter o reconhecimento, já que o merecia.
Quando se veste a camisa de uma empresa, ganha-se uma insígnia e a missão de defender os interesses desta instituição. Essa é uma tarefa muito difícil, porque algumas vezes precisamos deixar de lado nossos próprios interesses. Muitos profissionais passam anos sem compreender com clareza, o propósito de seu trabalho e, portanto, qual o resultado que deverão entregar. E, se isto não estiver claro, por vezes, perdemos o foco.
Quando minha amiga se deixou irritar pelo comentário de seu chefe, esqueceu, momentaneamente, do valor de seu belo projeto e do quanto sua implantação traria benefícios para a empresa e para as pessoas.
Alguns podem estar se perguntando, agora “...mas, Sérgio, que diferença faria pensar nisso, já que o gestor havia vetado o projeto?”
Vou responder, contando uma outra passagem desta mesma amiga. Hoje, ela é gerente de RH e continua tendo alguns projetos vetados pelo seu chefe (atualmente, o presidente da empresa). Contudo, hoje ela compreende que ouvir um “é mesmo, você estava certa” ou “é verdade, você tem razão”, não é o mais importante. Quando um projeto seu é recusado, busca entender o que não está bom. Então, volta pra sua mesa e trabalha em sua melhoria. Ou ainda, espera um outro momento e, com mais embasamento, apresenta-o novamente. Às vezes, apresenta uma, duas ou três vezes, porque conhecendo bem a área e o negócio da empresa, não tem dúvida de que isso colaborará com o crescimento da organização.
Certa vez, chegou ao cúmulo de ouvir de seu chefe “tive uma ótima idéia para resolvermos aquele problema”, tratava-se de seu projeto, narrado por ele com se fosse de sua autoria. Certamente, não foi algo agradável de se ouvir e nem eu tenho a intenção de valorizar tal comportamento. Quero sim, destacar que o projeto foi implantado e era tão bom e necessário, que minha amiga não se importou que, para viabiliza-lo, precisasse abrir mão dos louros. O foco de seu trabalho, hoje, está no alcance dos resultados, em sua entrega. Ela sabe o que precisa fazer e o faz.
E, você? Onde está o foco de seu trabalho?
Pense nisso e, me diga se faz sentido para você.