segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sobre política e profissionalismo

Conversei com dois grandes amigos dia 31/10 à noite. Logo após o comunicado oficial do resultado da eleição. Um deles sempre manifestou um posicionamento contrário ao do partido eleito. Fazia militância, levantava bandeira do outro candidato e tudo o mais. Ele estava bastante incomodado com o resultado e dizia que torceria para que “a pouca capacidade administrativa da candidata eleita se revelasse”. Meu outro amigo, embora também compartilhasse dessa opinião, não expressou a mesma decepção.

Eu buscava entender melhor essa diferença de reação, quando ouvi algo que vou guardar para sempre. Meu pacífico amigo, disse o seguinte: “Tenha eu, votado na candidata eleita ou não, o fato é que ela ganhou e, assim, tornou-se minha presidente também. Logo, agora só me cabe torcer e colaborar para que as coisas dêem certo para ela”.

Isso me fez pensar não só sobre meu magoado amigo, mas também nas tantas pessoas que encontramos pela rua, nas filas, nas conduções, que falam mal do governo (do atual e de tantos outros) e que  desejam com tal afinco que as coisas dêem errado, que até parece que estão falando do país vizinho. É como se todo azar que desejam  ao governante, não os atingisse. Aparentemente, falam de um outro Brasil, distante do deles.

Possivelmente, seja com estas mesmas pessoas que nós esbarramos nas organizações, todos os dias. Estão sempre certas de que, quando o que consideram bom para a empresa, não acontece, ela passa a correr risco de abrir falência.

Já viu aquela situação em que um gestor aprova a implantação do projeto de um analista da equipe, ao invés, do outro? Ou, aquela em que um integrante da equipe é promovido a gestor, ao invés de outro? Situações como estas e tantas outras semelhantes, acontecem todos os dias. Isso é comum. Da mesma forma comum, é a existência de pessoas que torcem pelo fracasso do Brasil e pelo fracasso da empresa.

Quantos colegas seus, você já deve ter visto, torcendo e, às vezes, conspirando para que as coisas saiam erradas no novo projeto, já que o seu não foi escolhido? E, quantos, você já não viu, rejeitando a nova gestão, pelo simples fato de não concordarem com a promoção?

Bom, as coisas mudam, projetos começam, terminam, as pessoas mudam de lugar, enfim, tudo se movimenta o tempo todo dentro das organizações. Mas uma coisa não muda: as empresas continuam querendo aumentar seus lucros, melhorar sua posição frente a concorrência e crescer. E, para tanto, necessitam de profissionais focados, que busquem colaborar para o alcance desses resultados.

Mas como é possível ser este profissional, quando a todo momento, me esqueço de minhas metas e trabalho para boicotar a empresa em que trabalho?

Sim, pois se toda vez que algo me desagradar, eu expressar desconforto e me posicionar contrário, perderei o foco em meus objetivos e trabalharei para destruir a empresa que me emprega. Não há como querer o fracasso de um projeto, no qual a empresa esteja investindo, sem querer também o mal desta empresa. Assim como, não há como desejar o fracasso de um governo, sem querer o mal do país.

Para aqueles que desejam o crescimento do Brasil e da empresa em que trabalham, vale pensar. O exercício da democracia traz, consigo, uma grande oportunidade de crescimento pessoal e profissional. Trabalhar para o bem comum implica em deixar de lado aquilo que preferimos, para investir energia no sucesso do projeto da vez – gostando dele ou não. É esse que tem que dar certo, já que é com esse que a empresa/o Brasil conta no momento. É fácil ser otimista e colaborativo quando é a nossa vontade que prevalece. Busque trabalhar em prol da organização.

É disso que o Brasil precisa. É isso que o mercado procura.