Algumas semanas atrás, encontrei com um antigo gestor meu, para um café. Falamos sobre o período em que trabalhamos juntos e sobre o mercado de trabalho, em geral. Após 25 anos de trabalho em Recursos Humanos, ele expressou sinais de cansaço.
Esse meu antigo gestor sempre foi exemplo de bom humor e energia. Podia ser encontrado todos os dias às 7h da manhã na empresa e permanecia até por volta das 19:30h. Empenhou, na construção e consolidação de sua carreira, muitos finais de semana, várias noites de sono e passou muito tempo viajando a trabalho. Abria mão de um convívio mais próximo com a família em prol dos resultados e da realização profissional.
Fez isso durante anos e, de fato, construiu uma brilhante carreira na área. Contudo, embora não olhasse para trás com arrependimento, parou para pensar nos próximos anos e percebeu que não tem mais vontade de se dar nesta proporção ao trabalho. Diz, pensar em começar outro tipo de atividade, já que entende que o mundo corporativo exige entrega, renúncia e dedicação intensas.
Deixando de lado o colorido extra que meu colega atribuiu a esta situação, entendo que ser bem sucedido na carreira, de fato, implique em renúncias.
Você quer se dar bem na carreira? Qual a sua disposição para fazer renúncias?
Na escolha da carreira que quer seguir, assim como do segmento em que vai atuar e das empresas em que resolva desenvolver-se, um profissional precisa por na balança, qual o tamanho de sua disposição pessoal e onde deseja chegar, profissionalmente, ou seja, o quanto deseja crescer.
Muitas vezes, o profissional vislumbra posições lá adiante e se coloca a trabalhar por seus objetivos. Contudo, está tão pouco disposto a atender às solicitações da empresa, que acaba não chegando a lugar algum.
O detalhe relevante desta situação é que, nem sempre essas solicitações são explícitas, portanto, é comum a pessoa não perceber o que esperam dela. E, ao não se dar conta do que a empresa espera dela, sente-se injustiçada com o não reconhecimento de seu esforço. Sim, porque, mesmo não abrindo mão de seus passeios nos finais de semana, e mesmo sem ficar um minuto a mais além de seu horário, é possível que esta pessoa sinta que está dando o seu melhor. Tudo depende do quanto está disposta a oferecer de tempo e dedicação a construção de sua carreira.
Não conheço ninguém que tenha construído uma carreira bem sucedida, sem dedicação. E, essa dedicação, às vezes, nos rouba tempo de nossa vida pessoal. Em começo de carreira, é comum que esse esforço seja maior. Afinal, além das horas de trabalho, da necessidade de conquistar nosso espaço, ainda, dedicamos boa parte do tempo aos estudos. Mas, com o passar do tempo é preciso saber equilibrar as coisas para não sacrificar a vida pessoal e aqueles que nos cercam.
Fica aqui a minha sugestão. Avalie o que você quer de sua vida profissional. Se você não tem foco em carreira, é possível que, com uma dose menor de esforço, consiga alcançar seus objetivos. Caso encontre uma empresa que compreenda da mesma forma, é claro.
Agora, se para você, profissionalmente, o céu é o limite, pense se sua dose de dedicação e esforço está compatível com o status e o reconhecimento que procura. Ao fazer sua reflexão, é bom pensar se está disposto a pagar o preço.