domingo, 8 de abril de 2012

A Influência devastadora de um líder sobre a equipe

Você já pensou na dimensão do trabalho que realiza como gestor? Já parou para pensar na importância de sua atuação no resultado de seus subordinados?

São muitas as atribuições de um profissional que ocupe uma posição de liderança em uma empresa e, certamente, cuidar da equipe é a mais importante delas. Por vezes, abordei esse assunto em outros artigos que escrevi sobre liderança. No entanto, novos exemplos vão surgindo e servindo de pano de fundo para textos que têm a finalidade de provocar reflexões e, quem sabe, promover mudanças na forma como alguns líderes conduzem sua relação com a equipe.

Recentemente, acompanhei uma situação interessante. Uma equipe de profissionais recebeu um novo gestor. Com ele, também foi contratado um novo coordenador. Assim como acontece em outras áreas, a chegada de um novo líder, traz consigo a ansiedade por não saber como ele age, qual o seu estilo de gestão e, principalmente, qual a disposição deste profissional em permanecer com a atual equipe. É muito comum que, ao chegar numa nova empresa e tendo de apresentar resultados, um líder opte por trazer consigo, pessoas de sua confiança e cujo trabalho já conheça e confie.

Para os mais orientados por resultado, pode parecer natural considerar a troca da equipe, um caminho viável. Já, para aqueles que tenham foco também em desenvolvimento de pessoas, pode parecer um caminho perigoso a troca dessas pessoas e precisa ser conduzida com muito cuidado para que o resultado não seja a perda do restante da equipe.

Este gestor chegou e encontrou dois coordenadores na área. Cada qual com sua equipe e atividades distintas, conduziu o trabalho durante um ano inteiro, período este em que estiveram sem a figura de um gestor. Logo, essas duas pessoas representavam para equipe o apoio para a realização do trabalho.

Em sua primeira reunião com a equipe, o gestor fez questão de falar sobre sua preocupação com desenvolvimento de pessoas e seu posicionamento contrário a troca de pessoas da equipe, sem que essas tenham tido a oportunidade de mostrarem seu trabalho. Acrescentou que sempre dá feedback e orienta os novos subordinados para que estes tenham chance de se ajustar ao novo modelo, e fazerem um bom trabalho.

Durante a semana que se seguiu, em momento algum, chamou os dois coordenadores para saber sobre suas atividades e os projetos iniciados na empresa, anteriores a sua vinda. Tão pouco apresentou-lhes seus planos para a área. Também não procurou conhecer os demais integrantes de sua equipe. Nos primeiros dias participou de reuniões com a diretoria, das quais saia e chamava o novo coordenador para conversar reservadamente, ou falava com este na presença dos demais, por meio de meias palavras.

Ao final da segunda semana de sua chegada, demitiu alguns funcionários, entre eles um dos coordenadores. Também afastou das funções e da equipe o outro coordenador que permaneceu na empresa, com o discurso de que este ficaria responsável por novas atividades. Posteriormente, descobriu-se que não existiam novas atividades a curto prazo, ficando este coordenador empregado, mas sem nenhuma atividade ou utilidade.

Independente do desempenho apresentado por essas pessoas (bom ou ruim, não importa), gostaria de destacar dois elementos importantes para o sucesso da relação líder-liderado e, claro, o alcance de resultados: confiança e transparência.

Como é possível confiar num líder que apresenta tamanha incongruência entre seu discurso e sua atitude? Como é possível confiar num líder que não demonstra o que, realmente, pensa ou que chega tomando atitudes contundentes, antes mesmo de avaliar o contexto em que está se inserindo? Como ficam os profissionais que, inicialmente, acalmaram sua insegurança de perder o trabalho e, em seguida foram surpreendidos pelo inesperado afastamento de pessoas importantes para a equipe?

A equipe, embora continuasse, realizando o trabalho tal qual sabiam, foi tomada pela ansiedade e receio do rumo que seria dado à área e do próprio destino. Sim, porque, seja lá qual for a intenção da gestão com relação aos integrantes da equipe, o que fica para eles é a mensagem enviada por meio de suas atitudes. E a mensagem recebida por eles foi mais ou menos assim: “Não confie em mim, já que digo as coisas que vocês querem ouvir, mesmo, não tendo a intenção de cumprir com minha palavra. E, é bom preocupar-se, já que não me interessei por seu trabalho e isso pode significar que você não é bom o suficiente para ser de minha equipe. Logo, cedo ou tarde, você poderá ser o próximo”.

Além da já dita insegurança com o destino profissional, fica também o ataque a auto estima das pessoas, representado pelo desinteresse pelo trabalho dos profissionais e pela forma como tratou o coordenador que não foi demitido. Independente da intenção do gestor, a mensagem expressa é a de falta de consideração com as pessoas e menosprezo pelo esforço de quem tem se dedicado à empresa.

Essa é mais uma mostra de que a comunicação é uma forte ferramenta do líder na gestão da equipe. O gestor está sempre em evidência e comunica algo aos seus subordinados, mesmo quando não lhes diz absolutamente nada. Enquanto negligencia a comunicação, não percebe que é ela que mobiliza a motivação da equipe e transforma o clima organizacional.

Muitos líderes, ao orquestrarem suas estratégias de gestão para trazer o resultado, não se preocupam em participar a equipe para que esta se sinta envolvida, ou mentem, acreditando que o melhor caminho é aplacar a ansiedade do grupo dizendo-lhes qualquer coisa somente para acalmá-los. Mesmo não sendo verdade.

O resumo desta ópera é que para alguns gestores, a equipe nada mais é que figurante do espetáculo a quem se diz o que fazer no último minuto, não dando espaço para que este reclame ou sequer abra a boca. Na verdade, estamos falando dos atores principais. Aqueles que fazem com que o resultado venha e o espetáculo dê a devida audiência.

Entenda que, qualquer que seja a sua estratégia de gestão, não poderá fazê-la dar certo sem o apoio e envolvimento da equipe.

Agora me diga que espaço sua equipe ocupa em seu espetáculo?

terça-feira, 3 de abril de 2012

Cinema e comunicação: tudo a ver!

Você gosta de cinema? Costuma ir ao cinema ou assistir aos filmes pela TV? Sou um aficionado pela sétima arte e, na medida do possível, acompanho estreias, curiosidades, bastidores, etc.

Uma das primeiras coisas que me chamam atenção e despertam interesse para assistir a um filme é o seu título. Os títulos dizem muito sobre o filme, em particular, quando vêm acompanhados de um subtítulo impactante.

Já perceberam como é o subtítulo que, muitas vezes, evidencia o gênero do filme e o caminho que a história vai tomar? Diz até mesmo, o porte da produção.

Exemplo:

Jerry Maguire - A Grande Virada

Ghost – Do outro lado da vida

Babe – O porquinho atrapalhado

Planeta dos Macacos – A Origem

Tropa de Elite – Missão dada é missão cumprida

Tropa de Elite 2 – Agora o inimigo é outro

Hitch – Conselheiro Amoroso

Poderia apresentar vários outros exemplos, mas esses traduzem bem a ideia. Em todos esses casos, é o subtítulo que direciona a compreensão do espectador para o que o filme se propõe a apresentar.

O título de um filme tem a função de comunicar seu conteúdo, sua mensagem. Embora, o nome seja a parte pela qual o filme ficará conhecido, muitas vezes, é o subtítulo que o torna vendável. Ele traduz a verdadeira intenção da produção.

Para os que pensam que mudei de área de atuação, enganam-se. Não me tornei crítico de cinema. Estou falando sobre comunicação.

Costumo dizer que a comunicação também tem título e subtítulo. E, este último, é que transmite a real ideia que o emissor intenciona expressar.

Imagine uma situação clássica de alguém recebendo um presente de aniversário. Sua primeira reação é o olhar de satisfação para a pessoa e o presente. Este olhar, porém, vem acompanhado de um “não precisava se incomodar”. Então, a pessoa abre o presente com uma visível expectativa e, ao vê-lo, desfaz a expressão de entusiasmo, mas mantém a classe e diz decepcionado “nossa, adorei!”.

Uma outra situação. A esposa espera há horas o marido chegar para, juntos, irem a um compromisso. Este entra em casa e conta que pegou um enorme trânsito no caminho. Intrigada com a resposta, a esposa que também está apressada para o compromisso, entende que não é hora de brigar, respira fundo e diz “tudo bem amor, o importante é que você chegou”.

O conteúdo verbal, ou seja, a mensagem dita corresponde ao título, pelo fato de ser mais facilmente captada. Enquanto que os gestos, expressões e o tom de voz correspondem ao subtítulo. Em comunicação, é comum acreditar que a mensagem verbal é que orienta a conversa, quando na verdade é a mensagem não verbal que dá o tom da informação.

O subtítulo traduz o que, de fato queremos transmitir. Vem camuflado atrás das palavras, mas é ele o grande responsável pela compreensão da mensagem. É por meio do subtítulo que se transmite a intenção que a pessoa tem ao falar. É a parte da comunicação que causa o impacto no interlocutor.

Costumo dizer em palestras que a comunicação é uma ferramenta para manutenção do bem estar e para resolução de conflitos. Não cabe, portanto, que por meio da comunicação crie-se o desconforto entre as pessoas ou se alimente os conflitos.

A comunicação eficiente, deve ser aquela em que título e subtítulo dizem a mesma coisa. Palavras e intenção em perfeita congruência. Do contrário, a pessoa pensará dizer uma coisa quando, na verdade, estará dizendo outra.

Ter consciência de como se fala, colabora para que digamos exatamente o que queremos ou o que precisa ser dito naquele momento.

Pense, como será que reagiu a pessoa que entregou o presente e percebeu a decepção na fala e nos gestos do aniversariante? Ou, como terá reagido o marido ao constatar o tom de dúvida e desconfiança na voz da esposa?

Perceber o que o outro quer, realmente dizer, nos ajuda a lidar melhor com a situação. Da mesma forma que, ter consciência de como estamos falando (congruência entre título e subtítulo) nos auxilia a transmitir a mensagem tal qual desejamos.

Mais danoso ainda do que não ter controle sobre o que fala, é ter total controle e “optar” por transmitir mensagens dúbias, tais como ironia e sarcasmo. Seja no contexto pessoal ou no profissional, se você deseja conquistar a credibilidade e o respeito das pessoas a sua volta, vale repensar este posicionamento. Quando não se consegue compreender a intenção do outro, fica difícil de se confiar nele.

A exemplo dos filmes, algumas vezes o título pode até não ser muito significativo, mas o subtítulo sempre amplia a compreensão da mensagem, tornando clara a intenção do diretor. Não conheço filmes em que o título diga uma coisa e o subtítulo transmita a mensagem contrária. Na comunicação, este caminho é o ideal, ter fala e intenção indo na mesma direção. Claro, se for sua intenção evitar desentendimentos e conflitos.

Embora comunicar-se adequadamente envolva certa complexidade, não é necessário ter um vocabulário rebuscado ou ser profundo conhecedor de algum assunto para ser congruente. Basta que você seja honesto consigo mesmo e respeitoso com seu interlocutor, dizendo o que pensa, ainda que a sua intenção seja dizer algo ruim. Lembre-se: você pode dizer qualquer coisa, para qualquer pessoa, a qualquer momento, desde que escolha a maneira adequada.

Comunicar-se com congruência é uma opção. Faça sua escolha, torne-se um filme interessante para sua audiência, concentre-se em “escrever” bons títulos e subtítulos.