terça-feira, 5 de novembro de 2013

Em que você acredita?

Você já ouviu falar em crenças? Estou certo que sim. Com certeza, não se trata de uma palavra nova em seu vocabulário. Aliás, comumente, ela aparece nas conversas associada a fé e, portanto, vinculada a religiosidade. Não é assim?

Quero falar hoje sobre o poder de nossas crenças na construção de nossas ações em qualquer segmento de nossa vida. Como, para muitas pessoas, crença está associada ao místico, quando trazido para um contexto mais pragmático - profissional, por exemplo - é compreendida como um elemento de autoajuda ou de cunho meramente motivacional. Esta é uma percepção equivocada. Enganam-se os que pensam que crença é só para quem acredita. São as crenças que mandam no seu comportamento, quer você acredite ou não!

Como estou sempre em busca de boas histórias para ilustrar os temas que apresento em treinamento, reuni aqui alguns exemplos que podem facilitar a compreensão do poder das crenças.

Certa vez, conheci uma pessoa muito esforçada e dedicada, não só ao trabalho, mas em tudo que se envolvia. Sempre buscava fazer o seu melhor e, como qualquer outra pessoa muitas vezes tinha sucesso e às vezes não conseguia o resultado esperado. Quando isso ocorria, frequentemente, demonstrava irritação com a reação das pessoas envolvidas. Aquelas que, esperando somente o resultado positivo, não demonstravam entusiasmo e questionavam o que ela faria a partir dali para acertar. Dizia “ninguém reconhece o meu esforço”. Eis aí a sua crença “quando me dedico ao máximo, mereço o reconhecimento, independente do resultado que tenha alcançado”. Compreendia que se havia se esforçado muito para conseguir o melhor, deveriam valorizá-la por isso ao invés de a continuarem cobrando. Mesmo não tendo entregue o resultado esperado. Pensar assim, fazia com que fosse pouco receptiva aos feedbacks que recebia. Gastava muito tempo se justificando e demonstrando sua indignação com o que considerava falta de respeito e consideração.

Uma outra situação é a de um gestor que estava há muitos anos na área, vivia atolado de trabalho e mergulhado em questões meramente operacionais. Dizia constantemente em seus desabafos “se quer algo bem feito faça você mesmo”. Com esta fala revelava sua crença de que ninguém a não ser ele próprio poderia fazer um bom trabalho. Como resultado acabava por assumir todas as responsabilidades. Não gostava de delegar e, quando o fazia, acompanhava muito de perto o trabalho do liderado e acabava por fim assumindo a tarefa. Como não acreditava que outro pudesse fazer algo tão bom, não se empenhava em explicar bem a tarefa. Consequentemente, a pessoa demonstrava insegurança ou errava, o que só servia para comprovar que estava certo, ninguém faria tão bem quanto ele.

Havia um outro líder que se dedicava muito ao desenvolvimento de sua equipe. Dizia, “meu principal papel é cuidar do desenvolvimento dos meus liderados”. Essa era a crença que o orientava e determinava que tivesse uma série de comportamentos com relação à sua equipe. Buscava conhecer bem cada um e sempre que uma tarefa surgia, imediatamente pensava em quem poderia realizá-la. Explicava com detalhes e se colocava à disposição caso surgissem dúvidas. E, quando os erros aconteciam, resolvia-os com o liderado para que este aprendesse e tivesse a chance de fazer melhor. Algumas vezes encontrava pessoas difíceis de lidar, mas como sua crença é de que era sua responsabilidade fazê-las crescerem como profissionais, raramente, desistia de alguém.

Em todos os casos citados havia algo comum. Uma forte crença por detrás do comportamento que tinham junto às pessoas com quem se relacionavam. Crença, por si só, não é boa e nem ruim. Tudo depende de qual é o contexto em que você está inserido e de quais sejam os seus objetivos. Imagine você, se aquela minha conhecida tivesse como objetivo construir uma carreira dentro da empresa, tendo uma crença que valoriza mais a tentativa e o reconhecimento do que o resultado. Ou, então, pense num gestor que, tendo como meta tornar-se um dos executivos da companhia, não confiasse em outra pessoa senão nele próprio.

Em que você acredita? Quais são suas crenças com relação ao seu trabalho? Sua carreira? Seus sonhos? Pense em quantas vezes desejou algo muito bom para você e desistiu de buscar porque foi tomado por algum pensamento limitador. Ou naquelas vezes em que não saiu do lugar e sequer foi capaz de identificar o que é que atrapalhou. Certamente, você tem algum ganho hoje em manter essa conduta – conforto emocional, reconhecimento, mantém o controle, acomodação, autopreservação, etc. Avalie, porém, se esta postura está alinhada com o que você quer para sua vida no futuro.

O que você acredita é mais importante do que aquilo que você faz para alcançar resultados. Por isso, identificar as crenças que atrapalhavam você e trabalhar para mudá-las é a melhor forma de garantir o alcance de seus objetivos.  Agora, se você leu este texto até aqui e ainda acredita que suas crenças nada têm a ver com a construção de seus comportamentos, a pergunta a fazer é que ganhos você tem com essa crença.