sexta-feira, 28 de maio de 2010

Você reconhece o valor de seu potencial?

Outro dia, numa conversa com alguns consultores conhecidos meus, surgiu o seguinte assunto, como estabelecer o preço de cada serviço prestado. Um dos colegas expressou que durante muito tempo (e, ainda hoje, pelo que pude perceber) determinar o valor de seu trabalho foi um grande problema, gerador de grande ansiedade.
Fiquei pensando nessa questão e, me chamou atenção o fato de que é mais comum do que se imagina, as pessoas terem dificuldade para determinar o valor do trabalho que prestam.

Bom, se fosse só isso, já seria uma questão importante porém, fácil de resolver. O fato é que a situação tem desmembramentos em diversos segmentos da vida e começa muito antes de iniciada a vida profissional. Muitas vezes, para saber o quanto “custa” o trabalho que se oferece, é preciso ter clareza do quanto “vale” esse trabalho. Qual o valor que o próprio indivíduo atribui ao trabalho que realiza? Em outras palavras, qual o valor que a pessoa se dá?

Você sabe o quanto vale o seu trabalho? Sabe o quanto vale a sua amizade? Já pensou sobre o quanto você representa para as pessoas a sua volta?

Seja no relacionamento profissional, afetivo ou de amizade, o primeiro passo para que consigamos nos sentir bem é darmos, nós mesmos o devido valor ao que somos. No confronto com o outro, repleto de qualidades e envolto em suas variadas competências, torna-se difícil, às vezes, sentir que você está a altura e que, reúne também, qualidades valiosas. Afinal, nossa atenção está voltada para o que o outro mostra e, menos vezes, para o que mostramos.

Voltando a conversa inicial, sobre trabalho, já ouvi muitas pessoas se questionando se o trabalho que estão oferecendo, vale o quanto o mercado cobra pelo mesmo tipo de serviço. Ao ouvir esses questionamentos penso, na verdade, estar ouvindo “como posso cobrar tanto?” “Será que eu valho isso tudo?”.

Vale fazermos uma reflexão sobre o assunto, pois tal insegurança tem impacto na maneira como nos relacionamentos com o mundo, mas nem sempre identificamos como um problema. Consultores, profissionais autônomos, como psicólogos clínicos, por exemplo, passam por este dilema mais freqüentemente, já que precisam eles próprios determinarem o valor monetário do conhecimento que oferecem.

Contudo, muitas pessoas, vivem o mesmo desconforto, sem se darem conta desta dificuldade. Quando têm que vender seu talento numa entrevista de emprego ou quando disputam uma vaga interna na empresa. Também num relacionamento afetivo em que devemos demonstrar a pessoa amada o quanto merecemos esse amor. Sim, porque para merecer o amor e o respeito do outro, é fundamental que sejamos os primeiros a reconhecer nossas qualidades e... nos amarmos mesmo. Da mesma forma, para conseguir demonstrar talento, é preciso reconhecê-lo em nós. Mais do que saber que existe, é preciso reconhecê-lo.

Saber que temos valor, é o que nos faz nos aventurarmos por campos menos conhecidos, como uma carreira como autônomo, a disputa por uma promoção, o desejo de conquistar uma pessoa. No entanto, o não reconhecimento do próprio valor, faz com que nos boicotemos, na hora “H”.

Recorda-se de alguma vez em que você tenha saído de uma entrevista perguntando “porque eu fui dizer aquilo?” ou “como eu pude deixar de falar daquela experiência importante?” Lembra-se de já ter saído de um primeiro encontro amoroso, com a sensação de ter posto tudo a perder, mesmo sabendo que tinha tanto a oferecer?

Apresentei aqui dois exemplos típicos, mais o fato é que quando uma pessoa não consegue reconhecer o próprio potencial, deixa escapar isso nos mais diversos momentos. Comece a se policiar para perceber os sinais de boicote. Sabe quando numa conversa despretensiosa entre amigos, você fale uma bobagem qualquer e, rapidamente, se pune, dizendo “olha, que idiota!”, ou “eu sou um imbecil, mesmo!”. Preste atenção, esses são os indícios de que, sua auto estima está merecendo cuidados e que, você precisa ser menos severo consigo mesmo.

Reflita comigo, viver implica em correr alguns riscos e quanto maior nossa exposição, maior o nosso receio de não darmos conta do que vem pela frente. Isso é normal. Só pense, também que, o caminho construído por você, para chegar onde está hoje, possivelmente, foi aberto por suas competências pessoais e talento profissional. Erros e enganos todos cometemos e os seus, provavelmente, não são maiores que os dos outros. Cuide para não recuar frente a grandes oportunidades, nem desvalorizar seu potencial, botando a perder tudo o que conquistou. Comece esse trabalho interno, respondendo a seguinte pergunta “que valor você dá ao seu valor?”

Sua carreira está à deriva?

Qual a relação que você tem com sua vida profissional? Pense antes de responder. Você sabe onde deseja estar, profissionalmente falando, daqui há cinco ou dez anos? Eu sei que muitos, ao iniciarem esta leitura, vão pensar “lá vem mais um texto, falando de carreira e querendo que eu me preocupe com futuro profissional”. Mas peço que continuem a leitura para entenderem onde quero chegar.

Estar empregado nos dá uma enorme sensação de conforto porque, aconteça o que acontecer, o salário estará na conta no final do mês. De fato, representa uma grande segurança imaginar que basta seguir a rotina e fazer o seu trabalho, que a remuneração virá. Tem ainda, por parte de alguns, aquela compreensão de que, “se eu me esforçar e der o meu melhor, uma hora dessas eu serei visto e reconhecido com um aumento de salário, uma promoção ou, ao menos, melhores condições de trabalho”. E valia pensar assim, já que antes, era creditado a empresa, a responsabilidade pela carreira do profissional.

Essa situação não é realismo fantástico e nem filme de ficção, há muito tempo as coisas eram assim, mas hoje não são mais!

O que existe hoje, é um negócio chamado mercado competitivo, que faz com que as empresas promovam mudanças constantes e, muitas vezes radicais, em sua organização interna, para se manterem competitivas. Buscam criar um diferencial, este, pode ser um produto tecnologicamente superior, uma maneira específica de apresentar a marca ou um atendimento altamente especializado, entre outros. O fato é que, para que as mudanças ocorram, essas empresas exigem mais de seus colaboradores. Nesse “mais”, leia-se, mais dedicação, formação acadêmica superior, conhecimento técnico específico, idiomas, etc. Além, é claro, de um conjunto de competências comportamentais condizentes com os desafios do mercado.

Na contramão de tudo isso, lá dentro da empresa , envolvidos pela rotina, muitas vezes não percebemos que o tempo está passando e que, na mesma velocidade, todas essas mudanças estão ocorrendo a nossa volta. Como conseqüência desse processo todo, muitos profissionais acabam ficando para trás.

Frente a isso tudo, a minha pergunta é, como você tem cuidado de sua carreira, para não ser excluído do mercado?

As empresas não valorizam mais o profissional que é só esforçado. Valorizam sim, o profissional competente. É com esse profissional que elas contam para alavancar resultados e cumprir suas metas.

Se você é o profissional esforçado, pare de esperar que a empresa te veja e reconheça sua dedicação. Ela não tem que fazer nada por você, ela não te deve nada. Assuma o controle de sua carreira e mantenha-se em movimento. Entenda que a empresa é transitória em sua vida, já sua carreira deverá acompanhá-lo para muito além desse seu emprego. No entanto, para que isso aconteça, planejamento é fundamental. Determine em que direção deseja seguir e busque se capacitar para tal.

Pense que, se você conta com a empresa para cuidar de sua carreira, vai constatar que sua carreira é uma embarcação à deriva. E, as carreiras à deriva estão fadadas a naufragarem. Entenda o que a empresa deseja de você e avalie se você tem correspondido a tal expectativa.

O que outros profissionais de sua área têm que você não tem? Quem deseja permanecer no mercado, precisa parar de esperar reconhecimento e começar a construir o know how que o manterá na ativa e no controle dessa embarcação que é a sua carreira.

Sucesso!!!

sábado, 8 de maio de 2010

O descaso dos processos seletivos

Você está desempregado, ou disponível no mercado, como alguns preferem dizer? Ou mesmo, buscando uma outra oportunidade de trabalho porque o seu atual, não lhe agrada mais? Então, certamente, já passou pela situação de aguardar um retorno prometido por selecionador e este retorno nunca vir.

Para aqueles que não são da área e não sabem como funciona, a rotina da área de seleção, no RH é uma correria. O mesmo selecionador cuida, ao mesmo tempo, de diversas vagas. Em cada uma delas, lida com dezenas de candidatos. Os processos têm ritmos e complexidades diferentes. Isso quer dizer que num momento há um ou dois processos exigindo muito tempo e energia do selecionador. Noutro momento, antes que esses primeiros tenham sido encerrados, o selecionador precisa voltar sua atenção para outros processos. Enfim, a vida no RH é uma loucura e, nesse contexto, é muito fácil este profissional esquecer de algum detalhe. A questão é que, em geral, o detalhe esquecido, são os candidatos.

Quem nunca viveu a angústia de esperar uma resposta positiva que seria a salvação da lavoura? Naturalmente, quando se está procurando um trabalho, em cada processo, o que se espera é um retorno positivo. Mas, certamente, um “infelizmente, não pudemos aproveitá-lo neste momento”, já daria conta da ansiedade da espera. Permitiria que o candidato se reorganizasse, deixasse de alimentar expectativa e pudesse canalizar sua energia para outras possibilidades.

Aos meus colegas de RH, peço desculpas por esta manifestação, pois como já disse, sei como funciona. O que quero expressar aqui é, não prometam retorno, se não puderem cumprir.

Estar sem trabalho afeta gravemente a auto-estima do profissional. O sentimento que surge é o de inadequação, pois parece que todos a sua volta estão trabalhando, menos você. E, cada processo seletivo para o qual é chamado, representa uma valiosa oportunidade de ter de volta a identidade. Portanto, a expectativa de quem espera retorno de um processo é muito grande. E o grau de ansiedade que já é alto pela condição de desemprego, se eleva a quinta potência. Agora imagine o pensamento deste profissional, alguns dias após ter se esgotado o prazo dado por um selecionador para um retorno. Em geral, o responsável pelo processo diz assim “...não importa o resultado, daremos retorno a todos...aguardem até...”. E o profissional que não recebe resposta, mas que acredita que houve um retorno pensa “...os que passaram, tiveram retorno, os que não passaram, tiveram retorno...poxa, se eu não mereci nem um retorno negativo, eu não devo servir pra nada...”. Forte não? Ouvi isso de um amigo que durante mais de um ano buscou se recolocar.

Ora, somos profissionais de humanas, muitos de nós atuam com desenvolvimento de pessoas. Onde está a preocupação com o ser humano? Não dá para perdermos a sensibilidade sob o pretexto de que a vida é corrida em Recursos Humanos. Se prometeu, faça um esforço e cumpra! Ou, se constatou que não dá conta, pare de prometer retorno. Pensem em como se sairá no próximo processo, um profissional, após participar de dois ou três, sem retorno. Se sentirá seguro para mostrar o seu melhor? Acho que vale refletirmos sobre essa situação, e revermos nossa postura.