sábado, 27 de março de 2010

Fale sempre que um banco te apertar

Estava eu, sentado na poltrona de um ônibus, indo para São José dos Campos, ministrar um treinamento; pensando em como começar esse texto que fala sobre assertividade. De repente, uma daquelas pessoas bem folgadas que deitam o banco da frente com tudo, sem se preocupar se vai te incomodar, prender suas pernas ou deitar no teu colo, se inclinou de uma só vez, me imobilizando. Depois de alguns segundos de irritação, encontrei a resposta ao meu questionamento inicial. Pensei “se quero escrever sobre assertividade, vou começar, exercitando minha assertividade”. Então, chamei-o e pedi que inclinasse menos o banco.

Para aqueles que não conhecem o termo, assertividade define o uso adequado da comunicação em prol de defender seu ponto de vista ou seu espaço físico ou emocional. Implica em dizer ao outro o que pensa, sem recuar e nem agredi-lo.

Num primeiro momento, ao sentir o banco prender minhas pernas, pensei no absurdo desse comportamento e me agitei na esperança de que, ao sentir meu joelho em suas costas, se tocasse e me soltasse, sem que eu precisasse falar. Não deu certo. Então, senti raiva e quis me mexer mais pra ver se o irritava. Mas logo compreendi que não resolveria. Por um instante, quis deixar pra lá e agüentar, afinal seria uma viagem curta e não valia a pena arrumar confusão. Então, pensei no desconforto físico que sentiria durante a viagem e no desconforto emocional que me acompanharia por muito tempo depois que a viagem acabasse, por não ter falado o que estava sentindo. Então, falei “amigo, pode por favor, erguer seu banco, ele está prendendo minhas pernas.” Ufa! Me senti melhor; por poder me mover e, principalmente, por ter falado o que eu queria.

Já pensou em quantas vezes você vivencia situações como esta em sua vida pessoal ou na empresa? Quantas vezes você se sente agredido pela fala ou comportamento de alguém e se omite? Deixa passar por medo de expor o que pensa ou por receio de ser ofensivo ou mal compreendido. Ou ainda, quantas vezes sente o sangue subir a cabeça e deixa sair o que está sentindo, do jeito que está sentindo e se arrepende depois?

Procure pensar em como você tem conseguido comunicar o que pensa e sente! Avalie, se tem conseguido ser assertivo. Se tem saído das situações com raiva de si mesmo porque não teve coragem de dizer o que sentia, você foi passivo. Se, ao sair da conversa, seu interlocutor saiu magoado, ofendido e você com sentimento de culpa pela forma como se expressou, você foi agressivo.

Quando tiver uma conversa difícil pela frente, na medida do possível, faça uma pausa para pensar no que quer e, em como quer dizer. Em geral, esse exercício, antecipa algumas possíveis sensações de desconforto e, por conseqüência, oferece a possibilidade de pensar em formas de lidar com elas.

No caso de conversas ou situações inesperadas, quando não for possível se preparar, tente não responder. Se a situação permitir, saia de perto, avalie suas emoções e, quando estiver mais seguro, chame a pessoa para outra conversa e dê sua mensagem.

O ideal é que você saia da conversa sentindo-se bem, por ter expressado o que sentia e o outro saia inteiro, sem a sensação de que sua fala o destruiu. É preciso exercitar, para comunicar-se de forma adequada. Para muitos, não é fácil, mas o prazer de se expressar e ser compreendido plenamente, é compensador.

Seja assertivo! Fale sempre que sentir que há um banco lhe apertando.

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